“Bolsonaro rebaixou Cultura e a transformou em trincheira ideológica” é o título da matéria de Caio Sartori e Paula Martini, publicada no dia 26 de dezembro. Ela mostra que “a lógica de guerra cultural, tão citada para explicar a forma de fazer política de Jair Bolsonaro, não se limita à cultura enquanto área do governo, mas tem nela um de seus pilares.”
“Nos últimos quatro anos, o setor e as instituições ligadas à pasta – que deixou de ser ministério e virou secretaria – passaram por ataques e acusações de desmonte institucional.”
A matéria traz um histórico da área da Cultura desde a criação do ministério em 1985 no governo de José Sarney até o desmonte dos últimos quatro anos, quando sete secretários passaram pelo órgão, com polêmicas e restrições orçamentárias.
“Os pesquisadores identificaram uma série de medidas que configuram um desmonte institucional. Órgãos como a Fundação Palmares, a Funarte, o Iphan e a Ancine foram esvaziados de seus sentidos originais. Ao mesmo tempo, instrumentos administrativos como portarias e decretos foram usados para o que se chama de “novas censuras” – formas brandas de impedir a realização de projetos – ou para esvaziar os órgãos.”
O Valor Econômico ouviu a Associação de Servidores da Funarte (Asserte), que critica o “desmonte total” do órgão. A vice-presidente da associação, Liriana Carneiro falou dos relatos de pouca liberdade ou diálogo sobre os processos e diretrizes da fundação, e se posicionou sobre o acontecido há dois meses, quando a Funarte sofreu uma reestruturação que eliminou cargos e dispensou servidores.
“O decreto publicado em 18 de outubro de 2022 implementou a reestruturação de cima para baixo. Pessoas que trabalhavam lá há 20 anos foram descartadas de um dia para o outro porque eliminaram muitos cargos”, diz Liriana, servidora há quase 40 anos que antecipou a aposentadoria após a eleição de Bolsonaro.